Motoboy que sofre racismo muda de vida completamente


Mais de 190 mil arrecadados em vaquinha.
Ganhou uma moto nova do Matheus Ceará, do SBT, e outra do apresentador Luciano Huck.
Intel doou Notebook.
Foi contratado por uma agência, Avellar (uma das maiores agências de publicidade), ganhou uma bolsa de 100% para estudar marketing digital e já tem 2 milhões de seguidores nas redes sociais.

A sensação de que o Matheus Silva (motoboy que sofreu racismo aparentemente por se negar a entregar na porta), já teve seu problema resolvido é falsa.

Ainda que todas essas coisas que estão acontecendo com ele, sejam boas, e ele deva sim aproveitar as oportunidades, acredito que devemos estar atentos ao fato de que ganhos materiais não podem aplacar um problema de caráter moral como o racismo.
O racismo não acabou e não devemos esperar por um novo caso que vire trending topics para sermos lembrados que esse mal ainda existe.


Por mais que algumas pessoas possam estar querendo se aproveitar da onda e tirar uma casquinha disso tudo, infelizmente nós não podemos ter a certeza disso uma vez que não conhecemos as intensões do coração de cada um, certo? Meu receio é que possamos estar vivendo uma verdadeira espetacularização do racismo e nos moldes de programas como os da Oprah Winfrey, copiados aqui no Brasil por Gugu e o Luciano Huck onde davam coisas materiais aos necessitados.

E assistimos tudo, nos sentindo melhor, sem fazer muito esforço, apenas dando views e like. Mas quero chamar atenção para algo.

Diariamente muitas pessoas sofrem com o racismo e não tem a "sorte" de terem o registro deste inconveniente, muito menos o registro e a viralização.
Certamente faltariam motos, notebooks, vagas, bolsas e interesses em seguir todas as vítimas de racismo caso soubéssemos absolutamente de tudo o que acontece no dia dia nos mais diversos lugares.

Nosso sentimento de justiça feita (aplacada) diante do caso do entregador, não deveria estar nos bens materiais e oportunidades que ele teve, como disse anteriormente, ainda que tudo isso seja muito bom, mas sim no anseio que todos nós temos por justiça.
Não são mil celulares apontados para gravar que trarão a cura para este mal (racismo), essa onipresença que trará redenção verdadeira e justa não se pode esperar de pessoas usando tecnologia.


Augusto Marques

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