Sobre profecias e profetas!
Era mais uma manhã de EBD e a lição estava pronta, os slides eu havia feito no dia anterior, tudo estava fresquinho na minha cabeça. Naquele dia íamos ministrar a EBD dos jovens, e como sempre, aquele friozinho na barriga nos dava a certeza de que estávamos na dependência de Deus e não confiávamos em nós mesmos para dar a aula.
Nossa EBD nunca teve um número grande de alunos, quando muito tínhamos uma média de 20 alunos e a incalculável alegria de poder ministrar a tantos jovens.
Mas naquele dia um dos jovens que nunca foi dedicado ao estudo às escrituras estava presente, já estávamos há algum tempo contando com a presença dele e isso nos dava esperança de uma perspectiva melhor para o futuro da congregação.
No meio da aula, enquanto debatíamos sobre a necessidade de buscarmos a Deus nas escrituras, ele levanta a mão e diz:
- eu cansei de ir atrás de profecias, até eu achava que estudar a bíblia esfriava o crente, mas quando recebi uma profecia e ela não se cumpriu eu vi a minha fé se abalar em Deus e lembrei das EBDs onde foi dito que a maior profecia era a palavra de Deus e então estou aqui, resolvi me dedicar ao estudo.
Aquilo pra mim me encheu os olhos d´água e me deu a certeza de estar no caminho certo com aqueles jovens.
Sabe, eu acredito na contemporaneidade dos dons, afinal, muitos milagres são descritos na Bíblia ao longo da sua narrativa histórica, mas milagres, são milagres e não fatos recorrentes com data e hora marcada, como muitos irmãos insistem em afirmar.
Ao meu ver o maior problema que encontramos nos dias de hoje é a falta de responsabilidade daqueles que se dizem “profetas” e gostam de falar em nome de Deus. Isso mesmo, irresponsabilidade.
Mas, calma lá! Não podemos também pôr tudo na conta dos “profetas”, alguns irmãos e igrejas parecem ter uma ânsia por sinais miraculosos, baixam a “guarda Bereiana” no afã ouvir Deus falar, e com isso abrem brechas para entrada dos mais diversos tipos de discursos em nome de Deus.
“A Palavra de Deus é comprovadamente pura, é um escudo para a sua inteira responsabilidade.” Provérbios 30.5
Se amamos Deus e a sua palavra, e queremos nos fazer sábios no bom manuseio dela logo, temos que temer a Deus, pois: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo a prudência” Pv 9.10
Quando uma igreja é imatura, não é centrada nas escrituras e se depara com “tais milagres”, quase sempre funciona da seguinte forma: A mensagem bate a porta do nosso coração, olhamos no olho mágico, pegamos na maçaneta e pensamos, “E se for verdade? Na dúvida eu prefiro acreditar!” e deixamos as mais diversas mensagens entrarem em nosso coração, sem que passassem pelo crivo da bíblia que estava na portaria.
Mas isso é ter fé?
Sempre que me deparo com essa situação lembro-me da grande aposta de Pascal, que é uma tentativa racional de explicar a existência de Deus, ele diz assim:
· se você acredita em Deus e estiver certo, você terá um ganho infinito;
· se você acredita em Deus e estiver errado, você terá uma perda finita;
· se você não acredita em Deus e estiver certo, você terá um ganho finito;
· se você não acredita em Deus e estiver errado, você terá uma perda infinita.
Qualquer um que se depara com esta tentativa racional de defender a existência de Deus, certamente concluirá para si que não quer ter perdas infinitas, mas ganhos infinitos. Agora imagine se a aposta fosse essa: Você acredita na profecia? Você acredita que pode ser curado? Você acredita em línguas estranhas? Etc.
Acreditar e ter fé são coisas distintas, pois você pode perguntar para uma pessoa se ela acredita em Deus e esta pessoa também pode se dizer não cristã. O ponto aqui é o seguinte: Crer em Deus exige muito mais que um esforço racional da nossa parte, pois se Deus se revelou a nós como cremos nas escrituras, esse Deus revelou também o seu caráter, parte do seu poder e parte da sua glória para que, uma vez mortos em nossos delitos e pecados, pudéssemos saber quem realmente somos em nossa essência e quem Ele é para nós, neste caso, nós pecadores e Ele o nosso Salvador.
Então se a bíblia é a regra de fé, então ela é o guia para o crente saber como proceder com sua crença.
Se nos depararmos com os grandes profetas da bíblia vemos que todos se responsabilizavam ou eram responsabilizados por aquilo que era proferido, até mesmo Jesus que só falou a verdade foi crucificado em função dela, e não exitou, antes, como um cordeiro se entregou, sendo completamente coerente com o que falava. Assim aconteceu com a igreja primitiva que era alvo de perseguições, pois tinha para si a vivacidade dos primeiros anos de um evangelho Cristocêntrico.
Hoje é muito comum em igrejas continuístas os eventos como congressos, encontros e cultos especiais onde recebem pregadores que nunca viram ou ouviram. A fé de seus membros já começa a atuar quando confiamos à nossa liderança o recrutamento de tais pregadores mesmo sem muita curadoria, apenas crendo que “vai ser uma benção”.
Algumas igrejas tem seus profetas em casa, e são eles que de forma esporádica entregam a mensagem direta de Deus para a congregação.
Ok, vou tentar concluir!
Lembremos da seguinte passagem: “Pois quê? Se alguns foram incrédulos, a sua incredulidade aniquilará a fidelidade de Deus?
De maneira nenhuma; sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso; como está escrito:Para que sejas justificado em tuas palavras,E venças quando fores julgado” Romanos 3:3,4
Deus é totalmente poderoso e seu poder está condicionado à sua vontade e esta, ao seu caráter, Deus não pode mentir e nem negar-se a si mesmo, nem fazer nada contra a sua vontade, assim, portanto, a sua vontade não pode ser identificada com o seu poder, mas com o seu caráter (1).
Concluo aqui, que se de fato Deus não mente, então as profecias não podem ser mentiras, advem do próprio Deus. Se uma pessoa fala em nome de Deus e o que ela diz não se cumpre ela deve ser condenada como falso profeta, isso é muito sério, ela deve ser afastada do corpo de obreiros até que possa retornar às atividades.
Sei que isso parece ser muito duro, mas qualquer um que fala em nome de Deus deve ter extrema responsabilidade sobre o que está falando, isso é muito sério!
Muitas vezes em nossos cultos temos pessoas que, se quer sabemos o estado psicológico e emocional delas para tomarmos para nós a responsabilidade de falar em nome de Deus. São vidas ali naquele lugar, pessoas com as mais diversas dúvidas e problemas.
Sejamos portanto, mais bíblicos e menos opinativos, mais Cristocêntricos e menos antropocêntricos para que assim possamos refletir a glória de Deus em nossa vida e como igreja alcancemos os pecadores que carecem da misericórdia e do perdão de Deus. Esta é a maior profecia que a igreja deve proclamar, o evangelho da Cruz de Cristo.
O que você acha que pode ser que você faça alguma coisa de Deus, porque ele pode falar a boca de Deus?
Augusto Marques — Criador da PictoBíblia
A resposta é NÃO!
Contudo, se você não está satisfeito com ela, quero convidá-lo para seguir a leitura e entender melhor a resposta, mas antes de começarmos, temos que saber responder uma pergunta muito importante: Por que foi necessário que Cristo, o Redentor, morresse?
E para responder, vamos até a pergunta 24 do Catecismo Nova Cidade (1) onde encontramos a seguinte resposta: “Como a morte é o castigo pelo pecado, Cristo morreu VOLUNTARIAMENTE em nosso lugar para nos libertar do poder e da pena do pecado e trazer-nos de volta para Deus. Por sua morte substitutiva e de expiação, somente ele nos redime do pecado e obtém para nós perdão dos pecados, justiça e vida eterna.”
Entendendo que Cristo se entregou, agora temos que definir o conceito de tortura e para isso, vamos consultar o Dicionário On-line Michaelis (2), que diz: “Sofrimento físico ou moral imposto a alguém, geralmente para obter alguma revelação; suplício, tormento”.
Assim, entendendo que Cristo se sacrificou e que uma tortura não se trata de um sacrifício voluntário, já começamos a entender melhor a resposta, mas podemos ir mais além.
Indo um pouco mais além, podemos desenvolver melhor o assunto sobre o sacrifício de Jesus e a sua real necessidade, para isso recorro a três importantes passagens descritas pelos teólogos Matthew Barrett, R.C. Sproul e João Calvino, veja.Contudo, Jesus antes de ser crucificado, foi alvo de zombaria e humilhado por soldados Sírio-Árabes que conseguiam se comunicar com Jesus, justamente por saberem aramaico, colocaram uma coroa de espinhos em sua cabeça e se curvaram diante dele dizendo: Salve, Rei dos Judeus! (Mc 15.17) Vendaram seus olhos e diziam: Profetiza, quem foi que te bateu? (Lc 22.64). Contudo, não houve tortura, mas zombaria, uma brutal zombaria!
“Calvino respondeu em termos do que foi chamado de “necessidade hipotética consequente”. Não havia necessidade absoluta, apenas uma necessidade derivada do decreto celeste do qual dependia a salvação do homem: “Nosso Pai mais misericordioso decretou o que era melhor para nós”.” Relato de M. Barrett.(3)
“EXPIAÇÃO E PROPICIAÇÃO As Escrituras falam sobre dois aspectos distintos desta ação vicária: expiação e propiciação. Expiação, que contém o prefixo ex-, o qual significa “fora de”, é a remoção da culpa de alguém. É a dimensão horizontal da expiação. Este aspecto é visto no drama do bode expiatório. O pecado do povo era transferido para o bode, e, depois, o bode levava embora os pecados, quando era removido da presença de Deus e levado para o deserto longínquo. O salmista usa a linguagem de expiação: “Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões” (Sl 103.12). Na realidade, é claro que nossos pecados não são transferidos para um bode expiatório, mas para Cristo, que é o Cordeiro de Deus que tomou sobre si mesmo a nossa culpa. Ele se tornou o carregador de pecados, cumprindo assim as profecias relacionadas ao Servo do Senhor, achadas principalmente em Isaías 53: “Ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (v. 5). A propiciação envolve a dimensão vertical da expiação. No ato de propiciação, a ira justa de Deus é apaziguada, e sua justiça é satisfeita. A obrigação moral que devemos por nossos pecados é paga a Deus, que assim fica aplacado. Ele fica totalmente satisfeito com o preço que foi pago por nosso substituto. Se não temos um substituto, não pode haver expiação nem propiciação, porque não somos capazes de satisfazer as exigências da justiça de Deus. Se fôssemos, não haveria necessidade de expiação, mas, visto que não podemos pagar nossa dívida moral, há uma absoluta necessidade de um substituto. Eu me vejo frequentemente em discussões com céticos que fazem perguntas sobre as reivindicações de verdade do cristianismo. Se respondo uma pergunta de modo que ficam satisfeitos, eles têm sempre outra pergunta engatilhada. Por fim, eu paro o ciclo interminável perguntando-lhes: “O que você faz com sua culpa?” Isto, geralmente, é o que acaba com a conversa, porque eles não têm nenhuma resposta, exceto alguma forma de negação da culpa. É trágico ouvir pessoas dizerem que não têm nenhuma culpa. Todos somos culpados diante de Deus. Precisamos tanto do aspecto vertical quanto do aspecto horizontal da expiação, e ambos envolvem um substituto.” R.C. Sproul. (4)
“De fato, eles sempre têm em suas bocas as boas obras; entretanto, de tal modo instruem as consciências que nunca ousam nutrir confiança de que Deus se mostra bondoso e favorável às suas obras. Não estamos induzindo os homens a pecar quando afirmamos o perdão gracioso dos pecados, mas estamos dizendo que esse é de tão grande valor que não pode ser pago por qualquer obra nossa. Portanto, nunca pode ser obtido exceto como um dom gracioso. De fato, agora ele nos é gracioso, mas não foi assim para Cristo, o qual, prazerosamente, o trouxe ao custo de seu santíssimo sangue, além do qual não havia nenhum resgate de valor suficiente que satisfizesse a justiça de Cristo. Quando isso é ensinado aos homens, eles se tornam cientes de que seu santíssimo sangue é derramado sempre que pecam. Além disso, afirmamos que nossa torpeza é tal que nunca pode ser purificada exceto pela fonte desse puríssimo sangue. Os que ouvem tais coisas — se possuem algum senso de Deus -, como não se horrorizariam por ser revolver na lama, quanto possam, enquanto conspurcam a pureza dessa fonte? “Já lavei os pés”, diz a alma crente, no dizer de Salomão, “tornarei a sujá-los?” (cantares 5.3). João Calvino. (5)
Augusto Marques
(1) Keller, Timothy. Catecismo Nova Cidade: A verdade de Deus para nossos corações e mentes — Devocional (Locais do Kindle 2575–2584). Editora Fiel. Edição do Kindle.
(3) Teologia da Reforma pg.327 de Matthew Barrett — Editora Thomas Nelson Brasil
(4) Sproul, R.C.. Somos Todos Teólogos: Uma Introdução à Teologia Sistemática (pp. 242–244). Editora Fiel (www.editorafiel.com.br). Edição do Kindle.
(5) João Calvino — Institutas da Religião Cristã — pg.106 Editora Fiel 2018
Esse aí feito por um dos colaborados da página.
Mas se faltar inspiração tá aí, toma coragem e manda vê!
Mas claro! Só se for verdade hein! Kkkk
Você já tinha ouvido falar sobre o “sistema de recompensas” do nosso organismo? 🤔 Esse nome é usado pra descrever uma rede de neurônios ativada por meio de estímulos que causam sensações prazerosas. Ele funciona com a liberação de hormônios (como a dopamina) em várias regiões do cérebro, mas principalmente em uma parte específica chamada núcleo accumbens. A liberação da dopamina nesta região altera as sensações de motivação e desejo, influencia a experiência subjetiva do prazer e facilita o aprendizado da sensação de recompensa! Receptores de sabor avisam quando o consumo de sal for alto demais, mas não existe um mecanismo de segurança que proteja o organismo do consumo excessivo de açúcar. Por isso, é fácil comer um pacote inteiro de bolachas recheadas e ainda querer mais! 🤤 E é aí, quando você ingere doces em excesso, que acontece a sobrecarga do sistema de recompensas! Uma pessoa que consome açúcar em grandes quantidades ou com grande frequência satura seu cérebro de dopamina e tem a transmissão dessa substância prejudicada. Com o tempo, o cérebro aprende nossos hábitos e a expectativa em relação ao doce pode ser tão grande que a própria ideia de comê-lo já causa o aumento dos níveis de dopamina e da sensação de prazer 😱 Diversos estudos compararam os efeitos do açúcar no cérebro com os de drogas como a cocaína, por ambos funcionarem como gatilhos do sistema de recompensas. Por mais que existam evidências, ainda são necessários mais estudos para investigar se alimentos palatáveis podem, assim como as drogas, ativar o sistema de recompensas de forma que seja necessário aumentar a quantidade ingerida com o tempo. Por enquanto, é mais sensato falar em “abuso” de doces do que em “vício”. Apesar disso, a paixão por chocolates atingiu tamanha proporção, que a comunidade científica adotou os termos “chocoholic” (chocólatra) e “chocoholism” (“chocolismo”), para expressar o desamparo de alguns indivíduos ao evitar essa substância “viciante” 😍🍫